quarta-feira, 28 de setembro de 2011

12º dia - Parada em Vigo (Espanha)

01:00 - Não consigo dormir, estou muito ansioso para cruzar o Cabo Finisterre, considerado por nós  como o segundo grande desafio... o final do golfo de Biscaya. As condições continuam ótimas e estamos evoluindo bem. A navegação é costeira e muito interessante, pois posso avistar ao menos 3 faróis simultaneamente. Alguns sustos é verdade, como bóias de pescas no meio do caminho que me forçam a... rapidamente cortar o motor  nos precavendo de uma possível rede enrolada na hélice. Descer na água, a noite com esse frio não é uma coisa que me agrada e ficar esperando amanhecer também não!

03:40 - A minha bateria já esta zerada. Desço para chamar o Guilherme que, pela primeira vez na viagem, não acordou sozinho. Dormi feito uma pedra, não ouvi absolutamente nada do que o Guilherme me relatou. O piloto automático parou de funcionar no meio da noite depois de uma tentativa espontânea de mudança de rumo. O Guilherme ficou timoniando e ao mesmo tempo tentando descobrir o que estava acontecendo. Nesse intervalo soaram alarmes, a balsa de salvatagem foi removida para acessar o piloto entre outras tantas coisas; e eu dormia... E dormi bem, tanto que tive que ser acordado pela primeira vez!

07:30 - Assim que o Guilherme me acordou perguntei como sempre. Tudo bem?  Porém essa reposta  foi diferente da que eu costumava ouvir. Não! O piloto não está funcionando bem! Bem seco! Deu para perceber na cara dele que a noite foi dura pois além de estar sem o piloto havia um nevoeiro muito intenso que não permitia ver nada, aumentando o estado de alerta, e que deixava todo o Deck molhado. Ou seja, frio, umidade e sem piloto!!! Assumi o turno e depois de 1 hora o nevoeiro dispersou anunciando o que já sabíamos, uma belo dia de sol.  Resolvemos fazer uma parada técnica em Vigo. Um cidade linda... Esse piloto automático escolheu o lugar certo para parar!

15:00 - Chegamos em Vigo e fomos direto para um restaurante. Comi o melhor polvo da minha vida. Oliva, sal grosso e paprica! Humm... Durante o almoço nós ligamos para o técnico que prometeu uma visita pela manhã do dia seguinte.

16:00 - Chegamos no barco. Desmaiei de cansaço.  Tá certo que o vinho e o chupito (um liquor que a casa serve como cortesia) ajudou.

18:00 - Acordei... O Guilherme estava com um sono tão pesado que nem todo o barulho que fiz o acordou. Sai para conhecer a cidade. Parei em um posto de informações onde fui muito bem recebido. A recepcionista, logo percebendo o meu portunhol misturado com italiano...  Ela falava em italiano o que foi um alívio até que eu percebi que eu entendia perfeitamente o idioma de Vigo, o gallego. Uma mistura de português, pois a fronteira é muito próxima, com espanhol.  Peguei todas as informações, inclusive de como chegar a Santiago de Compostela que fica a 70 km daqui. Durante minhas investidas nas pequenas e típicas ruas de Vigo, pedi uma informação a um senhor local e para minha surpresa o Sr. Antônio, de aproximadamente 70 anos, quis me levar aos pontos ao invés de apenas me indicar onde ficava. Detalhe, era uma subida que até eu cheguei bufando, mas ele não! O Sr. Antônio é um pintor artístico que é filho de portugueses e ama o Brasil, principalmente o Rio de Janeiro, pontuado por ele como um dos lugares mais bonitos do mundo. Eu particularmente concordo, não conheço todo o mundo ainda, mas que o Rio é um dos ou se não o mais bonito que eu já vi é verdade. O Sr. Antônio foi extremamente simpático ao ponto de me convidar para um café em sua casa. Uma casinha simples e úmida que ele paga €100 por mês de aluguel e impostos, pois recebe apenas € 600 de aposentadoria. Metade da conversa, ele estava se vendendo como pintor internacional, e a outra relatando a crise espanhola que deixa  20% da população ativa, sem emprego.

23: 00 - Após jantar fui a um barzinho na frente da marina tomar um chá e usar o Wi-Fi.

24:00 - Hoje vou dormir mais do que o colchão... Estou exausto!

M.Vinicius

Baruch Hashem

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