terça-feira, 11 de outubro de 2011

18º dia - Início da travessia rumo às Canárias - incidente com rede de pesca perdida.

Acordamos com nascer do sol e fomos nos alimentar para poder soltar as amarras.

09:00 o Okey Dokey já estava velejando a incríveis 8 nós no meio do Rio Tejo e com rumo ás Canárias. Incrível a sensação de passar velejando por esse rio tão importante para a navegação e para o Brasil. Daqui partiram as caravelas que descobriram a então Terra de Santa Cruz.

14:00 um mar lindo, flat, o vento acaba e ligamos o motor. Aí a historia começa! Tínhamos passado por uma rede de pesca perdida e que sem nosso conhecimento estava sendo rebocada pela quilha do veleiro; ao ligar o motor a rede se enrolou toda no hélice e o motor parou imediatamente. O meu medo se torna realidade, eu tinha que descer com máscara, snorkel e nadadeiras para cortar a rede. Essa é uma parte nada acradável de se velejar. Na hora que percebi o que eu teria que fazer não me faltaram palavrões. Essa hora que da vontade de parar de comer peixe só para dar o troco nos pescadores! Logo que a raiva passa vem o medo. Descer em uma água gelada, pelo menos para mim, no meio do Atlântico para entrar embaixo do barco e com uma faca flutuante cortar a rede do hélice, não é nada divertido. O cuidado precisa ser redobrado pois além de toda essa situação gelada que eu descrevi, existe o balanço do barco que precisa ser considerado, para não bater a cabeça no casco do barco, e a rede que pode se enroscar impedindo que você volte para respirar. Depois de aproximadamente 30 min conseguimos desvencilhar o barco. Detalhe, o Guilherme precisou fazer a parte final pois eu estava exausto e sem fôlego. Assim que voltamos a navegar perguntei irritado ao Guilherme se podia ter algo pior, e o mesmo rapidamente respondeu: sim, podíamos estar na mesma situação a noite com vento de 20 nós e o mar batendo!  Não demorou e aconteceu...

15:00 o tempo virou e aquele mar flat que estávamos tentando tirar a rede já não existia mais... Agora estava com ondas de 3 metros e vento de força 6 na cara. O resto do dia foi difícil e por alguns momentos fiquei mareado. Em um determinado momento tive que entrar para dormir um pouco pois estava exausto, úmido e fora de combate por estar mareado. Impressionante que nessas horas eu não tenho nem força nem vontade de trocar a roupa para deitar. Fui tirando o que dava no meio do caminho e desmaiei na minha cama por longas 2 horas. Fui dormir pensando em como o ser humano é insignificante perto da força da natureza. O medo, coisa que ainda não havia sentindo no outros esportes que eu faço, tomou conta de mim só de imaginar uma rede enrroscada nessa situação climática. De longe esse esporte é o mais radical que eu já fiz, deixa o paraquedismo, motociclismo, remo e helicóptero parecendo brincadeira de criança. E assim o dia passou, vento forte, umidade e ondas enormes.

Baruch Hashem

M.Vinicius

Nenhum comentário:

Postar um comentário