terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dias 5 e 6 - A Aventura realmente começa... e como.

Chego a Las Palmas, e tento contato com o Marcos Vinicius. Não consigo informações no Spot e nem via telefone. Aproveito o tempo para localizar o representante Jeaneau para apoio e retirada das velas Genoa 105% e Assimétrica que foram enviadas de La Rouchelle.

Faço um reconhecimento da área pois espero contribuir para atracação e possíveis necessidades do Okey Dokey. A ansiedade é muito grande em abraçar o MV, que não vejo há quase 30 dias, na expectativa que ele me conte tudo o que pode ter ocorrido nessas quase 1400 milhas percorridas. No dia seguinte logo pela manhã verifico via spot que ele está em uma rota não programada. Tento contato telefônico e o MV me esclarece que por erro de comunicação ele alterou a rota para Tenerife. Me convida para almoçar com ele em Tenerife (Espanha) para depois voltarmos velejando, conversando e matando as saudades. Pego um taxi que me leva ao Porto de Agape, do outro lado da ilha das Canárias, e pego um Ferry Boat bi casco que faz o percurso em 50 minutos. Chego a Tenerife e me emociono ao ver meu filho vindo ao meu encontro. Um forte abraço e começamos a conversar sem parar. Ele me conta detalhes impressionantes desses dias de travessia.

Quando demos por conta o tempo já tinha passado e por sugestão do Guilherme resolvemos ir para o Sul das Canárias para um possível passeio de submarino de propriedade de seu amigo, e após eu iria levar o MV ao aeroporto passando em Las Palmas para buscar a genoa 105% e a assimétrica que dariam mais segurança no Atlântico.

Esta velejada para o porto de Mogán deveria durar pelo menos 9 horas. Deveriamos chegar ao destino perto das 8 da manhã. Fomos jantar um polvo delicioso e... muita conversa, esquecemos de verificar a meteorologia. Nada iria mudar porém já existiam avisos de ventos mais fortes.

Iniciamos a velejada num clima fantástico. A lua refletindo no mar, ventos de 13 nós, mar calmo.....tudo mágico. Após uns 50 minutos o vento começa a apertar, o mar a ficar picado, ondas de 2 metros. Vento atinge 25 nós, ondas piorando..... Porém todos muito calmos e brincando muito. Desci para descansar um pouco. Uns 40 minutos depois não consigo parar na cama. Parecia bolinha de pingue pongue. De um lado para o outro eu era arremessado no quarto de popa. Subi.....o vento já estava a 35 com rajadas de 40.

Fiquei impressionado, porém sereno. Parecia coisa de cinema. Aliás, em cinema e tv nunca vi nada igual. O spray subindo a mais de 2 metros, o barco surfando e enfiando a proa a quase 40cm abaixo da lamina. Ondas passando sobre o convés. Estávamos navegando com velocidade 10 – 11 – 11,8.

Começávamos a pensar em uma alternativa caso o vento subisse mais. A única era alguém ir a proa tentar baixar os panos com a linha da vida porém quase impossível pelo balanço do barco. Já estávamos com “riso 2” . O Guilherme nos informou que estávamos convivendo com estado de “força 8”. Força 12 já é considerado furacão.

Em curtas palavras: foi a maior emoção que passei até hoje em situações de emergência. Inacreditável, Impressionante, maravilhoso. A luta contra as forças da natureza no mar é indescritível. Me sinto um privilegiado; ainda mais acompanhado pelo meu filho!......meu grande amigo.

Chegamos no Porto de Mogán 4 horas antes do previsto.  Único prejuízo foi uma boia de salvamento (retinida ), que foi arrancada por uma onda que nos pegou de alheta. Um sonho não sonhado que esta sendo realizado. Indescritível...

M.Antonio Cascino

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