Amanheceu com mar calmo e pouco vento. Navegávamos a 3 a 4 nós. O tempo não passa...
Com vento calmo resolvemos abrir a assimétrica. Todo um preparo de cabos... tudo foi verificado, pois era a primeira vez que isso iria acontecer. Material novo e vem aquela desconfiança de serviços feitos por franceses.
Tudo pronto para o teste e subimos a assimétrica. Além de muito bonita aumentou nossa velocidade em 2 nós. Porém o Guilherme observou que um cabo estava enrolado e preferimos baixa-la. Encrenca a vista. Senti que ele não tinha simpatia por enroladores e talvez isso refletiu na operação. Não enrolava e para variar o vento começou a apertar. Um bom desgaste para baixá-la colocá-la no saco e guardá-la.
Alias não sei como tenho conseguido superar meus limites físicos. Em cada operação no oceano as forças são exauridas, pelo menos para mim.
Por volta do meio dia uma formação escura no leste nos previne de encrenca. Deixamos a vela mestra com riso 1, para não cair no sufoco do dia anterior. A tempestade desviou e ficamos somente com o vento. Era o que precisávamos par dar outra arrancada. Não passaram 20 minutos e via-se a frente uma tempestade. Céu negro... e ela vinha nos encontrar de frente. Entramos... o vento não parava de chicotear, a água batendo forte, parecia ser algo jamais experimentado por mim. Precisaríamos de um riso 3 e não tínhamos. Baixar vela nestas condições nem pensar. O barco já estava muito adernado; a água passando pelo convés.
O motor do bote estava metade dentro da água... "Assustador". O que me causou estranheza foi que mais uma vez eu estava sereno... algo que eu não sabia explicar... o Guilherme já deixava transparecer preocupação; isso durou aproximadamente meia hora.
A única perda foi de uma manicaca que escapou das mãos do dele na hora do sufoco. Mais uma vez fico impressionado com o barco... valente é o mínimo que posso adjetivá-lo.
Agora uma calmaria que nos reduz a velocidade para 3 nós.
Marcos Antonio Cascino
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