segunda-feira, 28 de novembro de 2011

De Salvador ao Rio de Janeiro - Quatro dias de desafios!

Quatro dias de desafios - Abrolios

Saímos de Salvador logo após o almoço e contrariando a meteorologia logo que saímos da área protegida, começou um vento por vezes sudeste, por vezes sudoeste com intensidade de 17 nós que nos incomodou bastante por 36 horas. Muita chuva a ponto da ponta dos meus dedos ficarem enrugadas como se estivessem mergulhado na água. Depois 12 horas de calmaria total, quase sem vento. 
Estou no comando de sexta à noite e parece que a tranqüilidade voltou. Vento de traves, velejando a 7 nós, com Música dos Beatles ao fundo e o mais impressionante..... um fenômeno que eu nunca tinha visto!!!! A luna rossa. É incrível..... A lua vai surgindo como se fosse o sol...na mesma posição leste... só que diferente
do dia a dia... Na cor laranja , cheia, toda exuberante. É incrivelmente belo.....ela não deixa rastro no mar porém sua luminosidade é intensa e deixa tudo a sua volta num amarelo alaranjado. "indescritível " maravilhoso. Aí vem a primeira intercorrência deste trajeto. Madrugada de sexta feira, ..... começo o plantão da madrugada a 1 da manhã. Passados 30 minutos vou fazer um rastreamento no radar e me deparo com uma pane em todo sistema eletrônico. O GPS não funcionava e a carta não marcava nossa posição. Olhei para o céu e este estava encoberto não permitindo uma referência por estrelas e planetas. Os tão desejados Marte e Vênus sem poderem me auxiliar. Resolvi não acordar o Skyper e achar uma solução. Sem desespero, com serenidade, comecei a avaliar a situação. Meu receio era de que no decorrer do pane o rumo tivesse sido alterado. .... estávamos em uma região próxima de Abrolhos, com muitas pedras , ilhotas e uma aproximação errada seria indesejável!!!!
Restava-me a bússola. Se o rumo estivesse certo bastaria mantê-lo até amanhecer. Mas estaria certo?
Relaxei, tentei intuir,......e lembrei do meu I Phone. Eu tinha baixado o Navionics América do Sul. Era o momento de testá-lo!!!!!! Liguei e...... pasmém. Naveguei a madrugada toda via I Phone!!! Perfeito! Era como se navegasse pelos instrumentos do barco. Rumo, velocidade, distância..... fenomenal, estava salvo pelo I Phone. Pareceu até brincadeira do recém falecido Steve Jobs. rsrs
O rádio  também estava com pane. Inacreditável, estar tendo mais problemas na costa brasileira do que na travessia. Amanheceu e veio uma calmaria total. Vento aparente 4 nós. Nenhuma embarcação a vista, o que é bom pois estamos ainda sem sistema nos eletrônicos. O guia é meu I Phone e a bússola.  Estamos a 38 milhas de Abrolhos. Neste ritmo deveremos alcançar Abrolhos depois das 18h. Entre olhares atentos buscando embarcações ou redes fico jogando paciência no I Phone. Ao contrario da travessia onde não se via absolutamente nada além de água, bem agora com a pane dos eletrônicos o mar está repleto de pesqueiros pequenos e perigosos. O risco de pegar uma rede é muito grande. A navegação é visual tentando desviar dos pequenos barcos de pesca e suas redes.....e numa noite com pouca luz da lua, é bastante complicado. Nos intervalos quando dá, escrevo estas linhas para o blog e as coloco em mensagens no I Phone à espera de uma aproximação de terra e um possível sinal de telefone para que as mensagens possam ser enviadas e o Edu possa publicá-las no blog. 
Conseguimos contato com o radio farol de Abrolhos com o radio portátil, e o cabo nos informou de ventos sudoeste a 20 nós a partir desta madrugada. Mais sufoco, só que agora sem eletrônicos. A  decisão foi de ir direto a Vitoria para manutenção dos eletrônicos. Passamos muito próximo a Abrolhos e o arquipélago não passa de uma base militar e de biólogos. É uma reserva mais primitiva do que Noronha.
Continuamos velejando com vento sudeste. Começo de noite de sexta feira. Muitas baleias brincando....um espetáculo muito bonito, tendo o pôr do sol como fundo. Depois de desmontar o display e verificar todos os terminais, os eletrônicos voltam a funcionar, menos o rádio pois foi impossível subir no topo do mastro. Madrugada de sexta... perdemos muito tempo com vento fraco e por vezes sem vento.











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